23 de fevereiro de 2017

Monterrey


Monterrey é uma cidade industrial sem graça nenhuma. Um entranhado de viadutos com muito movimento e construções feias. Acabei por lá ficar duas noites porque os filhos de uma amiga que lá vivem me convidaram para almoçar e o dono de um restaurante português para jantar. Durante o jantar, no Sabores de Portugal, veio um Mexicano cantar, amigo do dono, com timbre de cantor de ópera. Teve graça.
No dia seguinte parti a caminho da Cidade do Mexico. São cerca de 900 Km que fiz em dois dias. A estrada começa por subir uma montanha e depois é grande parte ao longo de um enorme planalto. Parei na cidade de Matehuala onde encontrei um simpático Hotel com bungalows no jardim e um bom restaurante, para variar das terríveis refeições nos Estados Unidos.
Até ali tinha apanhado pouco movimento mas a uns 400 Km da Cidade do México  uma primeira fila de camions bloqueava a auto estrada. Fui passando pela berma mas, passados uns três ou quatro quilómetros, ao ver que a fila era interminável, decidi ligar a Gopro para filmar. Fui pela berma, a uma média de uns 50 Km/h a passar centenas de camiões até à causa da fila que eram, simplesmente, obras de repavimentação a ocuparem uma das faixas. Verifiquei depois que o filme tinha 14 minutos, o que dá ideia da dimensão do engarrafamento, na grande maioria composto por camiões.
O Mexico é um país com bastante industria e um dos maiores produtores mundiais de petróleo, sendo o principal cliente deles os Estados Unidos. Daí este enorme movimento de camiões na principal estrada que liga a capital ao seu grande comprador.
Depois deste ainda apanhei mais dois engarrafamentos de camiões na auto estrada, um deles provocado por meia dúzia de camiões gigantescos que transportavam tubos descumunais para a refinaria estatal e que, pelas suas dimensões, bloqueavam um dos sentidos da auto estrada, tendo a policia que encaminhar todo o transito pelo outro.
A Cidade do México é muito mais evoluída do que estava à espera. Com os seus nove milhões de habitantes, sem contar com os arredores, tem um transito muito intenso mas o nível de vida é bastante elevado e, no centro, nas noites de fim de semana, excelentes restaurantes estão cheios de movimento enquanto nas ruas vemos Porsches e Bentley’s a circularem. Não representa o país profundo onde mais de 40% da população vive na pobreza. Entrei num stand da Tesla, onde tinham os últimos modelos em exposição e bem informadas vendedoras. Os espaços verdes existentes não estão muito bem arranjados mas têm muitos e interessantes Museus como o de Antropologia, que conta a história das várias civilizações que povoaram a região antes da chegada dos espanhóis, em 1519.
Fiquei bem instalado em casa do Embaixador Português, que tinha conhecido quando da minha passagem pela Índia, há uns anos atrás.
Depois das enormes filas de camiões ao longo do dia cheguei à Cidade do México já de noite. No dia seguinte fui tratar de substituir o amortecedor traseiro da Cross Tourer, que tinha sido para aqui enviado desde Portugal, pois os rolamentos de apoio do original não tinham resistido aos maus tratos nas estradas da Índia e Myanmar com a moto muito carregada. Não havia nenhuma oficina de motos por perto onde pudesse trabalhar de maneira que encontrei uma de bicicletas onde, ao longo de várias horas, pude fazer a complicada operação junto ao passeio, com o empréstimo de ferramenta do simpático homem da minúscula oficina que, estando situada num dos melhores bairros da cidade, tinha a todo o tempo senhoras bem arranjadas a chegarem nos seus SUV’s, por vezes com choferes, para trazerem ou recolherem bicicletas dos filhos.
No dia seguinte decidi visitar o famoso Museu de Antropologia. Era Domingo e uma das faixas da enorme Avenida Reforma é fechada ao transito para só permitir a circulação de bicicletas e patins, de maneira que só consegui estacionar a moto longe e acabei por levantar uma bicicleta de empréstimo da Câmara para me deslocar até ao museu. É interessantíssimo. Mostra-nos não só a história da evolução humana, desde há 3,5 milhões de anos, passando pela época em que a América foi descoberta por povos que atravessaram da Asia, pelo Norte da Rússia, para o Alasca através do que é hoje o estreito de Bering quando, na era glaciar, as reduzidas águas dos Oceanos o secavam. Finalmente, as tribos autóctones que se formaram e a chegada dos Espanhóis, por mar, em 1519.



4 comentários:

  1. Parabéns Francisco. Adoro ler as suas crónicas, das quais apenas tive conhecimento no final de 2016. Desde então tenho lido todas as peripécias com muita curiosidade e um nadinha de inveja. Há falta de melhor viajo consigo.

    Um grande abraço e continuação de boa viagem!

    Diogo SV

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  2. Continua a correr bem! Continuação.
    Beijinhos
    Ana

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  3. muy interesante, y de paso quiero desearle muchas bendiciones para que todo se le de bien con la ayuda de Dios. Siempre Dios por delante para emprender nuevos horizontes....Vivian de Puerto Rico

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