5 de outubro de 2017

Rumo ao Norte - Curomani


No dia seguinte continuei o meu trajecto para Norte. Apanhei uma das estradas principais que atravessam o país de Norte a Sul. A maioria do trajecto tem só uma faixa em cada sentido com traços contínuos que parecem ter sido colocados à sorte e que ninguém cumpre. Por vezes, pequenos troços com separador central e duas faixas para cada lado que não têm mais de três ou quarto quilómetros. Em todo o caso há várias portagens pelo caminho mas onde as motos têm reservada uma passagem estreita, do lado direito, em que não pagam.
Parei para almoçar numa barraca de berma de estrada, que não tinha gás ou electricidade e pedi até para tirar uma fotografia à simpática dona da casa, de enorme colher de pau na mão, na cozinha junto às panelas que aqueciam por cima de lenha a arder. Pelas três e meia da tarde cheguei à vila de Curomani e, cansado, decidi por ali ficar. Aproveitei ser cedo para procurar um sítio onde me pudessem sacar um parafuso que se tinha partido há tempo no quadro e segurava  o suporte da bomba de travão traseira e da mala esquerda. Dois rapazes com um telheiro de madeira à borda da estrada onde faziam desde bate chapa a reparação de furos de camiões, trataram do problema eficazmente e conseguiram mesmo um parafuso novo numa loja da aldeia.
Na manhã seguinte continuei a rodar para Norte sempre através de estradas abertas no meio da vegetação.
Tinha previsto seguir mais junto à fronteira com a Venezuela mas os rapazes que me repararam a moto desaconselharam vivamente esse trajecto em que as estradas eram más e havia muita bandidagem.
Fui assim direito a Santa Marta, que me tinham dito ser fantástico mas foi uma desilusão. A cidade portuária é suja e construída sem planos nem qualidade. Fui até uma praia que me indicaram através de uma estrada de terra esburacada de uns dez quilómetros. Num portão, um quilómetro antes de chegar, pediram-me 10.000 Pesos (cerca de três euros) para passar. A natureza era linda mas na praia tinham colocado uns panos manhosos sobre estacas a fazerem de toldos onde os locais estavam em cadeiras de plástico. Os bares também eram no mesmo estilo e até as arcas onde tinham as bebidas estavam podres. Ainda pensei em ficar por ali a acampar mas felizmente tinha que ir longe ao longo da praia para chegar ao parque e desisti. Bebi uma cerveja numa das barracas e voltei a Santa Marta.  Percorri depois uns 20 Km ao longo da costa até encontrar um Hotel junto à praia mas também mal tratado onde apenas se salvava a piscina, com pequenas ilhas de palmeiras. Pedi uma sopa de peixe para jantar mas eram só espinhas e acabaram por me trazer um caldo de carne como alternativa. Ao pequeno almoço não tinham pão e fiquei-me por uns ovos mexidos e um Ice tea. De um modo geral tenho comido mal na Colômbia mas as pessoas são muito simpáticas e a paisagem fantástica, com muito verde e rios com caudais impressionantes.
Continuei junto à Costa Caribenha a caminho de Cartagena. Barranquilla é outra cidade feia e suja. À saída, numa zona de praia onde poderiam estar Hoteis e Restaurantes, existe uma enorme zona de barracas com lagoas de água estagnada e poluída do lado esquerdo. Atravessamos um istmo que nos leva até perto de Cartagena com mais duas ou três portagens pelo caminho. Calculo que sejam baratas porque há às centenas espalhadas pelo país em tudo o que é estrada dita nacional.    

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